Muito além de uma etnia africana e rival dos Tutsis.

Muito além de mais uma etnia africana, citada apenas pelo genocídio contra seus antigos rivais Tutsis.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

RECORTE TEMPORAL

                                         Recorte Temporal

                                                                                                          Guilherme de Bortoli Baesso
 
           Os hutus e tutsis são povos bantus que provavelmente se instalaram na região de Ruanda e Burundi durante a expansão bantu. A partir do século XV, os tutsis passaram a dominar a sociedade através de uma aristocracia que tinha à frente um Mwami (rei).
         As relações sociais em Ruanda e Burundi foram afetadas pela regra europeia. Ambos os países foram colônias europeias entre 1890 e 1962. Os alemães governaram de 1890 até o final da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Eles favoreceram a classe alta tutsi. 
       Ruanda e Burundi tomaram caminhos muito diferentes para a independência em 1962. Em Ruanda, os líderes hutus derrubaram o mwami (o rei tutsi) e tomaram o poder pela força. No Burundi, a mudança para a independência foi mais pacífica. O mwami ajudou os Tutsi e Hutus a chegar a um acordo. No entanto, a paz não durou muito. Os Hutu tentaram ganhar o poder pela força, sendo assim, derrotados.
        No momento da independência, lados opostos controlavam os dois países. Burundi era controlado por um ramo dos tutsis. Em Ruanda, os hutus governaram até 1994, quando refugiados tutsis de Uganda invadiram o país. O governo foi derrubado e milhares de hutus fugiram para os países vizinhos.

O Genocídio Em Ruanda 



          A ação imperialista no continente africano foi responsável por várias situações de conflito entre as populações nativas. Um dos mais lamentáveis frutos desse tipo de intervenção se desenvolveu quando os belgas, no início do século XX, se instalaram na região de Ruanda, onde se destaca a presença dos povos Tusi e Hutus.
          Do ponto de vista cultural, tutsis e hutus partilhavam uma série de particularidades, por falarem a mesma língua e seguirem um mesmo conjunto de tradições. Assim, quando os belgas chegaram à região, observaram que estes dois grupos étnicos se diferenciavam por conta de algumas características físicas. Geralmente, os tutsis eram de maior estatura, são esguios e tem um tom de pele mais claro.
         Na perspectiva dos belgas, essas características eram suficientes para acreditarem que os hutus – mesmo sendo a maioria da população – seriam moralmente e intelectualmente inferiores aos tutsis. Dessa forma, os imperialistas criaram uma situação de ódio e exclusão socioeconômica entre os habitantes de Ruanda.
Na década de 1960, seguindo o processo de descolonização após a Segunda Guerra Mundial, Ruanda foi deixado pelos belgas. O ódio entre as duas etnias transformou aquela região em uma bomba prestes a explodir. Cercados por uma série de problemas, a maioria hutu passou a atribuir todos os problemas da nação à população tutsi.
       Já na década de 1990, vários incidentes demarcavam a clara insustentabilidade da relação entre tutsis e hutus. O ponto alto dessa tensão ocorreu no dia 6 de abril de 1994, quando um atentado derrubou o avião que transportava o presidente Habyarimana. Imediatamente, a ação foi atribuída aos tutsis.
        Na cidade de Kigali, capital da Ruanda, membros da guarda presidencial organizaram as primeiras perseguições contra os tutsis e hutus moderados que formavam o grupo de oposição política no país. Em pouco tempo, várias estações de rádio foram utilizadas para instigarem outros membros da população hutu a matarem os “responsáveis”daquele atentado.
          A propagação do ódio resultou na formação de uma milícia não oficial chamada Interahamwe, que significa “aqueles que atacam juntos”. Em pouco mais de três meses, uma terrível onda de violência tomou as ruas de Ruanda provocando a morte de 800 mil tutsis. O conflito contra as tropas governistas acabou sendo vencido pelos membros da FPR (Frente Patriótica Ruandesa), que tentaram estabelecer um regime conciliador.
Apesar dos esforços, a matança e a violência em Ruanda fizeram com que cerca de dois milhões de cidadãos fugissem para os campos de refugiados formados no Congo. Nesta região, o problema entre as etnias tutsi e hutu continuaram a se desenvolver em várias situações de conflito. Assim, desencadeou-se um dos maiores massacres da história da África entre povos, deixando um rastro de destruição, que assolou totalmente Ruanda e uma média de 800 mil a 1 milhão de mortos.

Anexo:
Link do filme Hotel Ruanda, que conta a história do genocídio ocorrido naquele país.

http://youtu.be/dhQJpX27AdQ

Nenhum comentário:

Postar um comentário